Intolerância

Não estou falando de religião, grupos étnicos ou futebol. Falo da intolerância à sacarose, principal componente do açúcar comum. Muitos já ouviram falar sobre a intolerância ao lactose (leite) e há pessoas que consomem leite e queijo de cabra por causa disso. Porém, poucos sabem da intolerância à sacarose. Há muita gente que exagera na sobremesa após a refeição e, ao passar mal (inclusive com diarréia), culpa a salada de maionese sem saber que se trata de intolerância à sacarose.

Veja o que a Merck publicou sobre isso:
“…Os açúcares lactose, sacarose e maltose são fraccionados pelos enzimas lactase, sacarase e maltase, que estão localizados na mucosa do intestino delgado. Normalmente, os enzimas dividem estes açúcares em açúcares simples, como a glicose, que são absorvidos pela corrente sanguínea através da parede intestinal. Na ausência dum enzima específico, os açúcares não são digeridos e a sua absorção é impedida, mantendo-se no intestino delgado. A elevada concentração de açúcares daí resultante faz com que uma grande quantidade de líquidos entre no intestino delgado, provocando diarreia. Os açúcares por absorver são fermentados pelas bactérias no intestino grosso, o que dá lugar a fezes ácidas e a flatulência. As deficiências enzimáticas surgem na doença celíaca, na diarreia tropical (sprue) e nas infecções intestinais. Também podem ser do tipo congénito ou ser causadas por antibióticos, especialmente a neomicina…”

Faz bem para a alma e mal para o corpo

O açúcar vicia… faz bem para a alma e mal para o corpo. O sabor doce amansa as pessoas. Um doce bem feito acalma, alegra e para alguns provocam orgasmos gastronomicos: fecham os olhos, viram o rosto para cima, sorriem e se perdem em pensamentos, depois pedem mais. Pensando bem não muito diferente das outras drogas, mas com efeitos mais imediatos. O que o aproxima das outras drogas é que ao longo do tempo, ele destrói o nosso corpo: obesidade, diabetes, pressão alta, pontas dos dedos necrosados… muitos morreram por males causados pelo açúcar e muitos ainda morrerão. Para aqueles que pensam que se tratam de males que atingem apenas os mais idosos, saibam que nunca tivemos tantos adolescentes obesos e com diabetes. Em pouco tempo teremos também uma epidemia de crianças com diabetes.

Elogios?

Andei recebendo alguns comentários:
– Anda malhando?
– Há algo de diferente em você… emagreceu?
– Não sei o que é… mas você mudou…. comprou roupas novas?
– Você parece mais magro… sem emagrecer, sei lá…
– Cortou cabelo? Mudou o penteado?
– Está diferente, parece diferente, foi para praia?

As pessoas parecem incertos e inseguros… mas acham que mudei… e, acho, que para melhor. Portanto, considero esses comentários como elogios.

De qualquer forma a balança não me diz que emagreci. Não estou malhando. Não andei comprando roupas (a única peça que comprei nesse ano foi uma bermuda). Não fui para praia, porque não gosto muito de praias. Até cortei o cabelo, o que faço a cada 2 meses, mas não mudei o penteado. Na verdade, nem tenho um “penteado”.

Acho que, ao não consumir açúcar, apenas pareço mais saudável. Só isso.

Sabores que enganam II

Lembrei de outros casos curiosos de sabores lançados na forma de doces, sorvetes e sucos antes de termos acesso a esses alimentos in natura.

Exemplo 1: Pistache.
Lembram-se do sorvete de pistache? Na década de 1980 apareceu o sorvete sabor pistache. Tinha um sabor diferente e era verde, lembrando a cor do sorvete de menta. Pouco a pouco fomos nos acostumando, alguns até gostavam. Então, na década de 1990 apareceu o pistache nas lojas e supermercados (aparentemente já era comercializado em lojas de produtos arábes). Parecia uma castanha, com casca dura, com uma semente seca dentro, vendido torrado e salgado. Ao experimentarmos, muitos duvidaram que se tratava do mesmo pistache. O sabor era muito diferente. Alguns se decepcionaram com o verdadeiro pistache, outros afirmavam que o verdadeiro pistache deveria ser doce….

Exemplo 2: Tutti Frutti
O sabor Tutti Frutti. Apareceu como um sabor de chiclete, depois vieram as balas, sorvetes, doces, etc. Esse é um típico sabor sintético inventado por algum químico e que ilude gerações de crianças que estão experimentando um sabor de “frutas”, sem se darem conta de questionar “mas quais frutas?”. Hoje, algumas sorveterias mudaram o nome do sabor para “chiclete”, mas continuam a usar o mesmo aromatizante e corante.

Exemplo 3: Açaí
O Açaí foi lançado e é comercializado, em São Paulo, basicamente na forma de polpa (tigela) em restaurantes “naturais”, em lojas de comidas “alternativas” e “naturais” e até em chopperias. E essa polpa é doce… muito doce. Isso criou uma ilusão para muita gente que o Açaí é uma fruta escura e doce. Bem… o Açaí é o frutoda palmeira conhecida como açaizeiro e tem sabor naturalmente amargo.

Memória

Mais um motivo para evitar ou diminuir o consumo de açúcar.

Saiu na Superinteresante de Abril 2009 (Edição 264), página 56, na matéria “Toda Informação do Universo”.

“… estudos recentes mostram que, quanto maior a quantidade de açúcar no sangue, pior a capacidade de memorização – reduzir em 30% o consumo de calorias torna a memória 20% mais potente.

Essa teoria também explica uma das principais características do envelhecimento: a incapacidade de se lembrar de coisas recentes. Neurologistas da Universidade de Columbia consluíram que o declínio da memória a partir dos 40 anos está ligado à perda da nossa capacidade de regular os níveis de glicose no sangue. Antes que você se esqueça de tudo isso, é bom repensar a dieta ou pelo menos começar a malhar, já que a prática de exercícios físicos ajuda a queimar glicose. ‘Fazer 30 minutos de exercícios aeróbicos por dia já é o suficiente para beneficiar a memória’, afirma a neurocientista Gayatri devi, da Universidade de Nova York …”

A função real do açúcar

Três meses sem açúcar e a minha vida segue normal… não tive hipoglicemia, pressão baixa, mal estar ou desmaios. Na verdade isso é muito fácil de ser explicado: cortei apenas o açúcar, sacarose a partir da cana-de-açúcar. Mantenho o meu consumo normal de arroz, milho, batata e pão: fontes de amido. Os alimentos que contêm amido são as nossas fontes de energia desde o início das primeiras civilizações, quando a humanidade começou a dominar a agricultura e começaram a cultivar trigo, arroz, milho, batata, etc. Ou seja, na verdade, a humanidade não usa e não precisa do açúcar como fonte de energia. A principal função do açúcar é adoçar os alimentos.

Sabores que enganam

Como já postei antes aqui, não sou biólogo, muito menos médico. Mas, tenho uma teoria sobre sabores.

Qual o sabor do morango? Com a industrialização dos alimentos (balas, yogurts, gomas de mascar, gelatinas, geléias, sorvetes, etc.) o sabor real da fruta morango se perdeu. Hoje temos o sabor do morango e o “sabor morango”.

Muitas pessoas que consomem produtos industrializados com “sabor morango” acham que esse é o sabor da fruta. Mas, na realidade o que eles estão saboreando é uma mistura de corantes, aromatizantes, um pouco da fruta (quando há) e açúcar, muito açúcar. No caso da versão diet, adoçante, muito adoçante. 

Muitas dessas pessoas conheceram primeiro o “sabor morango”, antes da fruta, e a sua memória olfativa e o seu paladar ficou gravado no cerébro. Para essas pessoas o sabor real se torna o “sabor morango” e ele é doce, muito doce, e quando comem o morango in natura estranham o sabor dele, acham que está faltando algo na fruta. Então, eles adicionam açúcar, leite condensado ou chantilly e, após sentirem o sabor bem doce, reconhecem melhor o “sabor morango” gravado nas lembranças da infância. É por isso que muitos consideram que o normal é cobrir o morango com algo doce antes de consumir.

O mesmo ocorre também com outros sabores. Por exemplos: menta, hortelã, uva, pêssego ….

Já pensaram nisso? Já pensaram que consumimos açúcar sem necessidade em alguns casos? Pensem nisso.

Coca Cola

Coca Cola é um problema.

No caso dos sucos industriais é possível conseguir similares naturais sem açúcar ou adoçante. Podemos tomar sucos de laranja espremido na hora, suco de melancia (escolhendo uma já bem doce), morango batido com leite, etc. Se pesquisarmos no Google, devem aparecer muitas outras opções de sucos e misturas naturais.

Mas e a Cola Cola? O que eu faço? Preparo um mate de coca e misturo com nós moscada moída? Misturo café espresso com água com gás? Misturo tudo isso e acrescento gelo e xarope de Maple (puro sem açúcar)? Não vai dar certo…

Pois é, nesse caso melhor ficar na Lei Seca, pelo menos até o próximo ano novo.

Sabores esquecidos

Um dos sintomas de se abster do açúcar é perceber que há muitos alimentos já doces naturalmente. Não sou biólogo, mas chuto que isso tem a ver com as papilas gustativas. Com o uso do açúcar sem controle, as papilas começam a ficar saturadas com esse sabor e ficam insensíveis ao doce. A consequência disso é que quem gosta do açúcar (cerca de 99,99% da humanidade) usa cada vez mais sem perceber e faz o mesmo se muda para o adoçante. Começa com uma colher de chá rasa de açúcar na xicrinha do espresso, depois passa para dois, três… Veja também o exemplo do tamanho dos doces, para quem lembra (e é da época) compare mentalmente o tamanho que os doces tinham (e as suas coberturas) quando esses eram vendidos em padarias com os vendidos nas atuais doceiras.

Hoje, após quase dois meses de abstinência, sinto cada vez mais os sabores reais dos alimentos. Sinto o sabor doce,  em graus variados, em vários alimentos considerados não doces pela atual cultura popular: banana, beterraba, cenoura, milho verde, etc. E, sinto também que outros são mais doces do que achava que eram antes: morango, maçã, bisnaga (tipo de pão), batata doce, etc. O caso do morango é interessante, as pessoas acham que ele é azedo e o cobre com leite condensado e cada vez com mais quantidade, até estar comendo leite condensado com lembrança do morango. Concordo que há morangos azedos, mas a grande maioria é doce. No caso do bisnaga, decidi classificá-lo como doce e o  tirei da minha lista de consumo.

Outro sintoma indireto é usar menos sal e temperos em geral. Com a melhora das percepção do doce pelo paladar, sinto também melhor o sabor dos demais alimentos. Então, comecei a sentir menos necessidade do sal. Um exemplo prático é a batata frita. Observem as pessoas pondo sal na batata frita. Antes de tudo, sabia que várias lanchonetes já salgam a bata frita antes enviar para as mesas? Mas mesmo assim, as pessoas pões sal nela sem ao menos experimentar.

Não sou macrobiótico e nem sigo outras tendências naturaristas. Pelo contrário, continuo a comer junkie foods: pastel, salsicha, pizza, hamburger, batata frita, doritos,…. Apenas cortei os doces, refrigerantes e sucos industrializados em geral.

Um mês ….

Um mês sem açúcar… quem diria que um ser humano urbanóide conseguiria viver um mês sem consumir açúcar…. e olha que as tentações não foram poucas. Aquele calorão de verão de São Paulo, sem praia, sem sombras de árvores, apenas concreto e asfalto… e resistir ao Frozen Yogurt do America, à casquinha de sorvete de leite do Parmalat, ao picolé de abacate do Rochinha e ao sorbet de chocolate 70% do Douce France… até o Chicabon parecia mais saboroso. Mas a minha boca passou longe deles… bravamente.

Durante esse mês, também não compensei a falta do sabor doce mandando ver no adoçante. Não seria honesto e manteria a dependência ao doce artificial. Para mim o doce do açúcar também é artificial. A única exceção foi o cafezinho, alguns deles eu tomo sem adoçante, mas para a maioria deles isso é impossível. Para poder se desintoxicar do açúcar, não basta eliminar apenas o mesmo, mas precisamos nos libertar da dependência do doce artificial. O doce por doce, artificial, não natural, cada vez mais exagerado a cada ano ou geração.

Também resisti à Coca Cola e seus derivados (Light e Zero)…  Resisti a todos os refrigerantes. O pior é que não bebo…. portanto não procurei refúgio na cerveja ou chop gelados. Fiquei na água gelada, com ou sem gás. É duro, mas possível. Pelo menos para mim.

Mais um sintoma foi o aumento do consumo de frutas in natura. Comecei a consumir também frutas passas, não as cristalizadas que usam açúcar na formula, mas as passas secas ao sol ou em fornos especiais: uva, damasco, ameixa, caqui, cereja, etc. Mas prefiro as frutas in natura.