49,6%

Um semestre, dois trimestres, três bimestres, seis meses, 181 dias, 4.344 horas, 260.640 minutos ou 15.638.400 segundos… tanto faz, lá se vão metade do ano sem açúcar (o adoçante parei pouco depois). Se considerarmos que o segundo semestre terá 184 dias, tecnicamente foram 49,6%. Acho que o mais difícil já passou. Já não babo mais ao ver uma lata de Coca Cola nas prateleiras do supermercados ou ao abrir o cardápio de sobremesas.

Na traaaaaave!

Passando na frente da banca de jornal, após a ótima peça de teatro infantil “COPPÉLIAS?!” no SESC da Avenida Paulista. Meu filho nota o freezer da Kibon e dispara:”Não como um picolé há mais de 2 semanas!”. Recado recebido, fomos explorar o freezer. Ele olha, olha e olha. Oh dúvida cruel e agora? Olha mais um pouco e escolhe: a caixinha do Chicabon. Feliz, come o primeiro cubinho. Pega o segundo, devora. Pega o terceiro e pergunta: “Papai, quer um?”. Por impulso, sorrio, agradeço e… pego o cubinho. Enquanto ele pega o quarto, eu levo o cubinho gentilmente oferecido à minha boca e sinto um gostinho de chocolate nos meus lábios e quando ia morder… percebo: É doce! Congelei por um segundo com a ponta do cubinho de Chicabon nos meus lábios. Estico o meu braço e devolvo para ele: “Obrigado filho, deixo para o ano que vem…”. Surpreso com a volta inesperada do desejado cubinho, ele sorri e o devora feliz.

Pequeno pecado

Sabadão à noite… Preguiça de cozinhar… Surge a dúvida: Pizza ou comida chinesa? Após uma angústia que durou infindáveis 10 segundos, a decisão: Comida chinesa, pois sábado passado foi pizza… Surge a segunda dúvida: Lig Lig ou China in Box? Após outra longa angústia de 10 segundos: China in Box, aquele do grito Chinaaaaaaaaaaaaa in Box! O telefonema após uma avaliação do cardápio, pedido feito, o motoboy chega após 25 minutos. Enfim, a janta!

Comi, até além da conta. Olho para as caixas vazias, os hashis usados, pratos sujos e… vejo o biscoito da sorte. No puro instinto, pego uma, quebro o biscoito e enquanto lia o papelzinho tentando decifrar a mensagem meio sem pé nem cabeça… como o biscoito… e alguém grita: Ei, o biscoito da sorte é doce! Olho assustado para a direção do grito enquanto engolia a massa mastigada… Tarde demais… comi um biscoito doce… quebrei o jejum…

Bem, o biscoito não era tão doce afinal. Serviu para me manter mais alerta.

Ex-fumantes, petistas e amantes do açúcar

Ex-fumante atazanando a vida de fumantes é normal, vide nosso governador (SP). Sou ex-fumante e para mim os fumantes podem continuar a fumar a vontade (longe do meu nariz, claro). Petista se intrometer em conversas de esquinas e bares caso alguém esteja falando de política ou simplesmente falando mal do nosso presidente molusco, também faz parte do cotidiano.

Mas, estou experimentando uma nova forma de discriminação. Consumidores de açúcar criticando a minha resolução. Muitos vem com o mesmo chavão, muito comum, achando que estão sendo originais: Dão risadas tipo Mutley (hiiii hihihi) “descobrindo” que a minha resolução é inútil para emagrecer se não cortar todas as fontes de amido também. Outros ficam de mau humor dizendo que deixo amargo o “momento sobremesa” deles. A questão é que emagrecer não faz parte do meu objetivo (apesar de ter emagrecido nas últimas semanas, mesmo sem mudar o meu dia-a-dia) e nem faço isso para incomodar os amantes do açúcar. Aliás, ao contrário dos fumantes, todos podem consumir doces do meu lado, quando quiserem. Debaixo do meu nariz e dos meus olhos. Isso não me incomoda nem um pouco e nem faz mal para a minha saúde. Posso tampar a boca, mas se tampo o nariz também, morrerei por asfixia.

Portanto, amantes do açúcar, continuem comendo doces. Do meu lado ou não, tanto faz. Porém, deixem-me tentar continuar com essa resolução de ano novo. Mais 7 meses e poderei tomar uma Coca Cola.

Comecei a emagrecer

Nas últimas duas ou três semanas vinha sentindo que havia algo de errado com a minha calça, mas não sabia o que era. Era um desconforto estranho. Até que percebi, era o cinto… já estava usando o último buraco e mesmo assim o cinto estava meio largo. Então, comecei a usar um cinto do tipo sem buracos e me senti mais confortável.

No sábado passado, fui nadar no clube e resolvi me pesar na balança do vestiário. Surpresa, perdi mais de 3 quilos desde a última vez que me pesei, cerca de um mês e meio atrás. Não mudei nada: continuo comendo a mesma quantidade nas refeições e comendo lanches esporádicos. Acho que até aumentei o consumo de pão, para compensar o açúcar. Não aumentei a minha atividade física, na verdade não nadava há três semanas porque estava com dor no ombro direito. Mantive as minhas caminhadas normais.

Mas mesmo assim, o IMC que estava na faixa de 25,9 (sobrepeso) no início do ano, passou para 24,7 após cerca de 5 meses, entrando no peso normal. Algo ocorreu com o meu metabolismo e o corpo começou a consumir as minhas reservas de energia acumuladas na região abdominal, vulgo pneuzinho. Talvez, após alguns meses, ele esteja finalmente sentindo a diminuição da oferta externa de glicose e tenha resolvido se auto consumir.

Vou começar a prestar mais atenção na balança.
Talvez diminuir o pão branco, o pão de queijo, esfihas, Doritos, McDonald’s, pipocas, etc. Itens que acho que aumentei nesse ano após parar de consumir o açúcar.

A conspiração da lanchonete

Na minha empresa há uma lanchonete, muito boa por sinal. Vende lanches, cafés, saladas, sopas, etc. Quebra aquele galho quando pinta aquela fome no meio da tarde, quando está com pressa sem tempo para almoçar, tomar um café com fornecedor ou cliente, etc. A minha queixa é o caixa, onde pagamos e pegamos a ficha. Pois é, entre as dezenas de produtos expostos na boca do caixa, entre chocolates, balas, cookies, goiabinhas, barras de cereais, bombons, chicletes, pães de mel, etc. há apenas um único produto que não é doce: amendoim japonês (aquele salgado com uma casquinha fina em volta do amendoim). Isso porque o açúcar consta como um dos ingredientes da casquinha. Conclusão, não aguento mais comer amendoim japonês, mas continuo comprando porque é a única opção que tenho.

Reparei então que ocorre o mesmo nas padarias, supermercados, bancas de jornais, bares, restaurantes “por quilo”, etc. Parece até uma conspiração, combinada entre eles para nos incentivar a consumir doces. Nas padarias em geral há um agravante, mirando as crianças, eles expõem propositalmente os doces em prateleiras baixas, às vezes tão baixas que dificulta a visão dos adultos. Talvez devesse ter uma lei estabelecendo uma altura mínima para essas prateleiras, colocando avisos sobre os males do excesso de açúcar e, porque não, também de adoçantes, corantes, conservantes e aromatizantes.

Dia das mães

Alegria de mãe é ver os filhos comendo. Alegria de avó é ver os netos comendo. E assim somos educados a agradar a mãe e a avó. O problema é que após gerações agrandando as mães acabamos confundindo as coisas e começamos agradar a nós mesmos. Será que as sobremesas são tão necessárias assim? Numa refeição comemos arroz, milho, pão, batata,… amidos e glicoses suficientes para a nossa vida, então qual a função da sobremesa? Definitivamente não é para nos alimentar, mas para nos agradar. Uma recompensa para nós mesmos por termos comido direito no almoço, reflexos da nossa infância e acabamos aplicando o mesmo conceito com os nossos filhos, sobrinhos, afilhados e netos. E assim continuaremos até nos darmos conta que a sobremesa não é essencial para a nossa sobrevivência e muito menos para a nossa saúde. Como já disse: faz bem para a alma e mal para o corpo.

O homem que comeu de tudo

A Karen me disse que no livro “O homem que comeu de tudo”, de Jeffrey Steingarten, há um capítulo sobre doces onde ele defende o açúcar refinado. Para ver quais eram os seus argumentos resolvi ler o livro, ou ao menos esse capítulo específico.

Fui até a Livraria Cultura da Av. Paulista, procurei o livro e não achei. Pedi ajuda a uma funcionária, então ela disse: “Ah, é aquele livro mordido né? Vou mandar buscar um no estoque.” Não havia entendido e fiz cara de “???”. Após cerca de 20 minutos ela me chamou e mostrou o livro, e quando vi o tal “canto mordido”, comecei a rir sozinho, desta vez foi a vez dela de fazer cara de “???” e se afastar, provavelmente achando que eu havia deixado cair alguns parafusos.

Quando chequei o preço (R$ 70,00) resolvi ler apenas esse capítulo ali mesmo na livraria. Li, entendi, mas não concordei com ele. Para ele, o açúcar deveria fazer bem para a nossa saúde basicamente por dois motivos: (a) Gostamos do sabor doce instintivamente (geneticamente) como resultado da nossa evolução; (b) Precisamos da glicose para gerarmos energia e manter o nosso corpo na temperatura ideal, “porque somos mamíferos” (como dizia aquele slogan de uma empresa de leite).

Bem, na minha opinião pessoal, esses argumentos são até fáceis de serem refutados:

(a) Sim, gostamos do sabor doce instintivamente, provavelmente devido à evolução genética. Assim como vários outros mamíferos (teste com o seu cachorro, veja se ele prefere algo doce ou amargo). Porém, nós, Homo sapiens sapiens (assim mesmo com 2 sapiens), estamos na Terra há dezenas de milhares de anos, talvez até 100.000 anos, comendo e gostando de frutas doces. Mas e o açúcar? Fiz uma pesquisa rápida no Google e li que a primeira menção do açúcar na Europa Ocidental foi durante a invasão da Índia pelo Alexandre (o Grande, 356 a.C. – 323 a.C.). Lá eles encontraram um tal de “sal indiano” que era doce e branco e, como havia cana de açúcar por lá, os historiadores acreditam que se tratava do açúcar refinado (ou algo similar). Mas, o açúcar só se popularizou na Europa após Portugal começar a plantar a cana de açúcar no Brasil, no século XVI. Ou seja, não acho que 400 anos sejam suficientes para termos uma evolução genética. Gostamos de doces, porque já havia alimentos doces naturalmente, sem a adição de açúcar, essa sim uma evolução genética para que algumas plantas pudessem espalhar as suas sementes através dos mamíferos.

(b) Sim, a glicose é o principal combustível para ocorrer o ciclo de klebs (lembrando as aulas de biologia do cursinho) e gerar energia para o nosso corpo. Porém, o nosso corpo não extrai a glicose apenas do açúcar. Os principais alimentos, que permitiram a fixação do homem com o início da agricultura, são fontes ricas em amido, de onde extraímos a glicose: arroz, milho, trigo (e derivados), batata e outros. Esses alimentos nos deram a possibilidade de termos uma fonte de energia renovável e estocável. E desde então…. assim caminha a humanidade. A diferença é que esses alimentos básicos não são apenas fonte de glicose, mas também de outros nutrientes e aditivos. O açúcar nos fornece apenas glicose e frutose. E com o vício do açúcar, acabamos sempre consumindo muito mais glicose que o necessário, então o corpo estoca essa energia na forma de gordura. No início, são apenas pneuzinhos na cintura…. e com o tempo, você acaba sem cintura…

Mas, gostei do livro dele e já voltei mais vezes na livraria para ler outros capítulos. Estou economizando para comprar.

4 meses… 1/3 do ano…

Lá se vão 4 meses sem consumir açúcar… para evitar a monotonia resolvi acrescentar mais um fato nessa minha jornada: Cortei o adoçante artificial (dietético).

Além de não ser muito saudável consumir esses produtos, com a melhora do paladar, comecei a sentir melhor o gosto deles, os outros sabores e aromas que acompanham o doce artificial… e não gostei.

Não foi difícil largar o adoçante, porque estava usando apenas no café. No caso do café expresso, bastará selecionar melhor os estabelecimentos. E no caso dos intragáveis cafés de máquina, a solução é simples: não tomar café da máquina. Como diz o slogan de uma operadora de celular: “… simples assim…”.

Açúcar: O perigo branco

Mais um artigo que encontrei. Desta vez na revista Veja de agosto de 2006. Matéria de Capa!
Alguns trechos da matéria:
“…Além do risco de engordar, há ainda outro ponto que reforça a necessidade de moderação no consumo de açúcar. A ausência de nutrientes faz com que ele seja digerido quase que instantaneamente, o que provoca uma rápida elevação nos níveis de glicemia e otimiza o depósito de gordura nas células…”
“…Quando consumido regularmente em grande quantidade ou puro, ele deflagra uma série de reações bioquímicas que podem levar à obesidade, e esta, à hipertensão, ao diabetes e até a alguns tipos de câncer…”
“…Por causa do aumento nos níveis de dopamina e serotonina, substâncias produzidas no cérebro e que estão associadas ao prazer e ao bem-estar, o açúcar pode, de fato, viciar…”

A matéria é interessante, imparcial e tira várias dúvidas. Visitem o link do site da Veja: http://veja.abril.com.br/300806/p_088.html.